Panorama das exportações de alimentos
As condições climáticas favoráveis, a grande extensão territorial cultivável e os constantes investimentos em tecnologia contribuíram para que o Brasil se consolidasse nos últimos anos como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos e fibras.
Após dois anos de retração, em 2015 e 2016, devido à recessão econômica enfrentada pelo país, em 2017 o mercado de alimentos voltou a crescer e as expectativas são ainda mais otimistas até o fechamento de 2018.
Segundo dados da ABIA, Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, o setor faturou mais de 642 bilhões de reais em 2017, sendo quase 124 bilhões referentes à exportação de alimentos processados. Para 2018 a ABIA previu um aumento entre 2,6 a 2,8% devido, principalmente, à queda da inflação.
Já para 2019 as previsões ainda são um pouco incertas. O país passa por um período de incerteza econômica, de instabilidade política provocada pelas eleições, de aumentos constantes na taxa de desemprego e de mudanças no próprio comportamento do consumidor brasileiro, mais cauteloso. Para as exportações, deve-se ainda considerar a instabilidade das relações comerciais entre China e Estados Unidos, principais importadores dos produtos brasileiros.
Requisitos para exportação de alimentos
Como membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil está sujeito às regras e acordos que regem as relações comerciais entre os países membros e que garantem a qualidade e segurança dos produtos comercializados. Entre as regras mais comuns estão o controle de pragas, doenças, resíduos e contaminantes, e ainda a adoção de boas práticas agrícolas, de boas práticas de fabricação e de padrões de higiene operacionais.
No Brasil, a exportação de produtos de origem animal, bem como de produtos vegetais, vinhos e bebidas são regulados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que disponibiliza instruções e emite os certificados específicos exigidos por alguns países. Para mais informações:
- Produtos vegetais (grãos, frutas, hortaliças, fibras, etc.), vinhos e bebidas. Acesse o Site do Governo sobre Produtos Vegetal
- Animais vivos ou produtos de origem animal. Acesse o site do Governo sobre saúde animal.
Segundo a Anvisa, os alimentos destinados à exportação poderão ser fabricados de acordo com as normas vigentes no país para o qual se destinam. Alguns países podem exigir a Certidão de Exportação de Alimentos que é fornecida pela Agência mediante preenchimento dos formulários de peticionamento e apresentação dos documentos exigidos. Mais informações acesse o Portal da Anvisa.
Padrões internacionais
Com a internacionalização do comércio de alimentos, surgiu a necessidade de estabelecer padrões internacionais que garantissem a segurança dos alimentos comercializados. Além de harmonizar os requisitos globais, as normas de certificação também favorecem as práticas leais de comércio e a redução das perdas financeiras controlando os riscos e reduzindo custos com retrabalho, desperdício e recolhimento de produtos.
Atualmente, existem diversos esquemas de segurança de alimentos reconhecidos internacionalmente e aprovados pelo GFSI, como BRC, IFS, SQF, FSSC 22000, ISO 22000, entre outros. O GFSI (Global Food Safety Initiative), ou em português, Iniciativa Global para a Segurança de Alimentos, é um organismo formado por representantes do varejo, indústria e prestadores de serviços no setor de alimentos ao redor do mundo para reconhecer a equivalência das certificações, através da comparação dos requisitos de sistema de gestão, controles de produto e processo, boas práticas de fabricação, análise de riscos, dentre outros. A avaliação é realizada de forma independente e imparcial, garantindo que todas as normas reconhecidas, mesmo não sendo iguais, tenham seus fundamentos equivalentes.
Para uma escolha assertiva do esquema de certificação é essencial que a organização entenda as demandas de seus clientes e o nível de adesão dos mesmos em relação aos modelos reconhecidos pelo GFSI. Deve-se observar, ainda, os custos de cada modelo (processo de implantação, credenciamento Organismos Certificadores, auditorias) bem como a estrutura da organização quanto ao sistema de gestão existente.
Raquel Alvares da S. Soares de Melo
Consultora Jurídica do Grupo Verde Ghaia
Engenheira de Alimentos Especialista em Qualidade e Segurança de Alimentos