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Por que o envolvimento da Alta Direção influencia no desempenho de um sistema de gestão?

Durante o processo de evolução das normas ISO, desenvolveu-se em conjunto a importância do comprometimento e envolvimento da Alta Direção nos Sistemas de Gestão.

As normas que eram conhecidas em algumas organizações, por serem de responsabilidade exclusiva dos RDs (Representantes da Direção) das organizações, deixaram de ter essa característica para se tornarem normas estratégicas. E, portanto, serem implementadas através da tomada de decisão do negócio. Com as versões de 2015 da norma, a figura do RD deixa de ser obrigatória e se reforça a necessidade da participação da Alta Direção. Estabelecendo assim, claramente três níveis de gestão nas normas – estratégico, tático e operacional.

Resistência: mudanças são inevitáveis!

“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Certamente alguém já escutou essa frase antes e fez cara feia. Acontece que as mudanças são inevitáveis e muitas vezes tensas para a Alta Direção.  Isso acontece, porque muitos colaboradores são obrigados a sairem de sua zona de conforto. Portanto, antes de fazer cara feia, pense se você está em sua zona e é por isso, que reluta mudar.

Quando se toma a decisão de implementar os Sistemas de Gestão na organização, mudanças são inevitáveis. E isso, gera resistência por parte dos colaboradores, principalmente quando existem muitos colaboradores antigos. Então, é fundamental que a Alta Direção participe ativamente em todo o processo, ajudando na conscientização de todos da organização.

Se a Alta Direção não participa, transformações não acontecem.

É a Alta Direção quem detêm recursos, autoridade e poder de decisão sobre as transformações na empresa. E de acordo com as estratégias de negócios da organização, eles são os exemplos para todos os gestores. Promovendo assim, a excelência nos processos. O item 9.3 Análise Crítica pela Direção, estabelece que após implementado um Sistema de Gestão, a Alta Direção deve acompanhar o desempenho. Bem como, responsabilizar-se pelos resultados obtidos, analisando e definindo indicadores que realmente demonstrem a eficácia do sistema Não se deve esquecer do atendimento aos requisitos de seus clientes e outras partes interessadas. Entende-se que o desempenho do Sistema de Gestão é parte integrante do desempenho dos processos de negócio da organização.

A Alta Direção nas normas

Na primeira frase da norma ISO 9001:2015 (0.1 Generalidades), a característica estratégica se estabelece conforme abaixo.

“Convém que a adoção de um sistema de gestão da qualidade seja uma decisão estratégica de uma organização que pode ajudar a melhorar seu desempenho global e a prover uma base sólida para iniciativas de desenvolvimento sustentável”.

Nas três normas que compõe um Sistema de Gestão Integrado: Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança, o Capítulo 5 das normas fala sobre a necessidade e importância da participação da Alta Direção, durante a implementação e manutenção do SGI. O item 5.1 Liderança e Comprometimento define que a Alta Direção deve demonstrar liderança e comprometimento com relação aos sistemas de gestão.

* Responsabilizando-se por prestar contas pela eficácia do sistema de gestão;
* Assegurando que a política e os objetivos são estabelecidos e compatíveis com o direcionamento estratégico e o contexto da organização;
* Assegurando a integração dos requisitos do sistema de gestão nos processos de negócios da organização;
* Assegurando que os recursos necessários para o sistema de gestão estejam disponíveis;
* Comunicando a importância de uma gestão eficaz e do mesmo estar conforme com os requisitos do sistema de gestão;
* Assegurando que o sistema de gestão alcance seu(s) resultado(s) pretendido(s);
* Dirigindo e apoiando pessoas a contribuírem para a eficácia do sistema de gestão;
* Promovendo melhoria contínua;
* Apoiando outros papéis pertinentes da gestão a demonstrar como sua liderança se aplica às áreas sob sua responsabilidade.
* Com itens voltados a Saúde e Segurança exclusivos na norma ISO 45001:2018
* Assumir a responsabilidade geral e a responsabilização pela prevenção de lesões e problemas de saúde, relacionados ao trabalho, bem como pelo fornecimento de locais de trabalho e atividades seguras e saudáveis;
* Desenvolver, liderar e promover uma cultura na organização que apoie os resultados pretendidos do sistema de gestão de SSO;
* Proteger os trabalhadores das represálias ao relatar incidentes, perigos, riscos e oportunidades;
* Assegurar que a organização estabeleça e implemente um processo de consulta e participação de trabalhadores;
* Apoiar o estabelecimento e o funcionamento dos comitês de saúde e segurança.

Conclusão

Quando observamos as exigências citadas nos itens acima, entendemos melhor sobre a decisão estratégica. Pode-se, portanto entender que a decisão tomada pela Alta Direção não se limita somente em optar pela certificação e destinar recursos. O texto das normas define a necessidade da participação efetiva da Direção e dos Gestores em todo processo. Sendo assim, deve-se incluir: planejamento, implementação, análise e verificação do Sistema de Gestão, independente da definição ou não de um RD.

A Direção pode delegar, mas tem que participar ativamente. Se no mundo dos negócio, o resultado é o mais importante, cabe a Alta Direção estabelecer um Sistema de Gestão que interaja com as decisões estratégicas do negócio E assim, estabelecer um Sistema mais robusto e verdadeiro aos propósitos da organização. Certamente, essa visão permeia pela busca de atingir o resultado de sucesso.

Para início da implementação dos Sistemas de Gestão é orientar, treinar e conscientizar a alta direção.

Importante: lembrar da decisão estratégica que levou a organização à essa busca por uma certificação e depois disseminar pela organização os fundamentos do SGI.

Respondendo o nosso questionamento inicial, o sucesso da organização durante a implementação e manutenção dos Sistemas de Gestão é proporcional ao envolvimento da alta direção. Pois, é a Alta Direção que tem autonomia total para desenvolver um sistema de gestão eficaz, além de garantir engajamento das áreas e prover recursos necessários.

 

Juliana Martins da Silva
Consultora Externa Pleno SGI
Engenheira Química e MBA em Gestão de Qualidade e Produtividade

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