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Eventos sustentáveis: Atitude e Consciência

“Ecstasy of Gold” foi a música que abriu a participação do Metallica no Rock In Rio 2013. 0h30 a banda deu início ao show no Palco Mundo do Rock, cuja estrutura montada chega a 450 toneladas, além 60 quilômetros de cabos e 20 t de som capaz de se propagar por um raio de 600 metros. Essa foi uma das mais de 160 atrações do festival que durou uma semana, com 91 horas de músicas para um público de 595 mil pessoas.

Os impactos positivos de um evento dessa magnitude são exaustivamente apontados por seus organizadores e assessoria de imprensa. Do delírio do público diante de seus ídolos à geração de empregos. O Rock in Rio 2013 injetou mais um bilhão na economia do Rio de Janeiro, levando a 90% da ocupação dos hotéis cariocas.

Os empreendimentos dessa natureza acontecem em um curto período de tempo, o que não os eximem da responsabilidade dos significativos impactos socioambientais. 183 toneladas de resíduos foram gerados na última edição do festival, o que causaria um grande dano ao meio ambiente e saúde pública se não tivessem recebido a destinação correta.

A atenção voltada à sustentabilidade dos eventos é uma tendência que vem crescendo há alguns anos. Em 2009, o Festival Planeta Brasil, em sua primeira edição, já demonstrava esta preocupação ao realizar o inventário de gases de efeito estufa, compensação através do plantio de mudas nativas e ações de educação ambiental para alunos de primeiro ciclo da escola pública. O festival internacional de dança Momix, em 2010, realizou o plantio uma muda para cada ingresso vendido.

Regulamentação para eventos sustentáveis

Apensar de antiga a preocupação com as questões ambientais na realização de eventos, inclusive há ocorrências de conferências, seminários e congressos sobre o tema que marcaram a década de 1970, foi a partir de 2012 que as recomendações à organização de eventos sustentáveis foram sistematizadas com a publicação de uma norma específica, a ABNT NBR ISO 20121. Alguns Estados e Municípios também lançaram suas diretrizes, como Decreto Nº 45.815, do Governo de Minas Gerais, que regulamenta procedimento para o reconhecimento da sustentabilidade ambiental, social e cultural de eventos artísticos, técnicos e comemorativos.

A ISO 20121 não se atém somente ao caráter sazonal dos eventos, trazendo orientações aos organizadores e proprietários sobre o sistema de gestão e a busca da melhoria contínua. Destaca-se também a importância do planejamento e identificação de questões voltadas ao desenvolvimento sustentável, considerando os aspectos ambientais, sociais e econômicos.

Já o Decreto do Governo de Minas para a concessão do selo Evento Sustentável está mais focado nas ações realizadas no dia do evento, apesar de nos critérios de avaliação haver a determinação da existência de cálculo de emissões de gases causadores de efeito estufa, bem como, projeto elaborado para a neutralização dos mesmos. Há também a necessidade de se apresentar relatório assinado por auditor independente em até 45 dias após o encerramento do evento. Esse documento visa a comprovação de que as ações declaradas no formulário apresentado anteriormente de fato foram executadas. No entanto, existem atividades que demandam prazo de no mínimo um ano para sua comprovação, como a compensação dos GEE através do plantio de mudas nativas, ou seja, um critério fundamental do decreto não é passível de verificação.

Divulgação sustentável

É importante coadunar o que as normas e decretos que se dirigem aos eventos sustentáveis têm de melhor, apesar de ainda dedicarem pouca atenção às ações que envolvem a educação. Os eventos, seja um congresso ou festival de música, são excelentes ferramentas de conscientização. Como já vimos em movimentos como “USA For Africa” e “Playing For Change” que não visavam apenas levantar fundos, mas também a propagação de uma mensagem.

Nesse sentido, vale citar o projeto “Encontros Socioambientais com Lenine”, que dá visibilidade através da música a projetos desenvolvidos em todo Brasil. Assim, um evento sustentável pode ser muito mais que plantar árvores e fazer a destinação correta dos resíduos, ao se tornar um disseminador de ações que impacte positivamente no meio ambiente. Essa convergência entre música e sustentabilidade é uma demonstração de que é possível ir além do que apontam os manuais.

Robert de Andrade
Coordenador do Instituto Oksigeno

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