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Consequências da falta de conscientização sobre HIV

A Falta de conscientização sobre HIV tem sido um dos principais fatores para aumento da doença no Brasil.

Caminhamos para a 4° década da epidemia de HIV no Brasil e, apesar de estudos promissores a doença ainda segue sem cura e com menos campanhas de conscientização sobre prevenção e cuidados em caso de contágio.

Por muitos anos, o HIV foi uma doença letal e sem tratamento. Houve uma época em que  a taxa de mortalidade era de 20 pessoas a cada 100.000 infectadas. Felizmente, esse cenário mudou com a descoberta de coquetéis capazes de conter o avanço da doença em pacientes portadores. Embora essa medicação não seja a cura, ela propiciou melhora na qualidade de vida dos portadores de HIV.

Por outro lado, no entanto, os coquetéis trouxeram um outro cenário: ao longo dos anos houve queda significativa nas campanhas de conscientização sobre prevenção e cuidados em caso de contágio e aumento de pessoas infectadas e da taxa de mortalidade.

HIV ainda é visto como doença de grupo LGBTQ+

Desde o início da epidemia, o HIV sempre foi tratado  “como uma doença” do público LGBTQ+, principalmente entre homens gays. Isso se deu, pelo fato da doença ter sido descoberta nesse grupo de pessoas. Com isso, a sociedade passou a definir o HIV como doença específica deste grupo.

Como consequência, ficou definido  naquela época, que o critério de testagem de sangue seria por “grupo de risco”, o que incluiria além da população LGBTQ+, os profissionais do sexo e os usuários de drogas injetáveis.

Há anos, o termo “Grupo de Risco”  já não é mais aceito pela comunidade médica, passando a ser usado “comportamento de Risco”. Em outras palavras, o comportamento de risco deve ser compreendido como práticas adotadas, por qualquer pessoa, que aumente o risco de contrair uma infecção sexualmente transmissível (DST).

Porque homens estão na lista como os mais infectados?

No cenário atual, os homens se destacam como a principal parcela de infectados pela doença. Os homens heterossexuais são classificados na categoria de “população geral”, não recebendo destaque em políticas ou ações de prevenção. As taxas de infecção hoje se dividem em:

Além da falta de direcionamento de políticas públicas para este grupo, o tabu reforçado pelos papéis de gênero, constituídos socialmente, fazem com que essa parcela da população tenha comportamentos de risco e não façam testagem regularmente. Como consequência, há aumento  no nível de exposição ao qual estão submetidos.

As informações sobre este grupo, somente é possível, em sua maioria, através de diagnósticos feitos pelas parceiras desses homens, através de exames de pré-natal. Percebe-se, portanto, que faltam pesquisas voltadas para esse público, o que leva ainda mais, à desinformação sobre a doença e aumento na disseminação de informações falsas. Sem falar no preconceito com quem é diagnosticado.

Como se proteger?

O método mais seguro e confiável para se proteger do HIV hoje, é o uso de preservativos. O preservativo impede que haja a troca de fluidos corporais, que podem estar infectados. Entretanto, algumas pessoas possuem resistência ao uso dos preservativos, seja por motivos pessoais ou por alergias. Para isso, hoje temos uma alternativa como o uso da PrEP.

A PrEP (profilaxia pré-exposição para o HIV) consiste na tomada de um comprimido diário de tenofovir + emtricitabina (medicamentos também utilizados no tratamento de pessoas vivendo com HIV) para a prevenção desta infecção.

Ela pode ser obtida nos centros de referência em tratamento para HIV/AIDS, hepatites virais e IST’s do país. No Brasil ela ainda está concentrada nas capitais e maiores cidades. Só em São Paulo, concentra-se 40% da PrEP do país. O uso do medicamento pode ser feito pelo SUS ou também pelo sistema privado, mas há alguns critérios considerados para a sua disponibilização.

Além da PrEP, há também a PEP. A PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é uma das ferramentas mais úteis na prevenção da infecção pelo HIV. Trata-se de tomar os antirretrovirais por 28 dias, iniciando-se o mais rapidamente possível após a exposição, o que torna muito baixa a chance de infecção.

Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, tais como: violência sexual, relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha) ou acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).

Trata-se de uma urgência médica, que deve ser iniciada o mais rápido possível – preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas. A duração da PEP é de 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde.

Apesar das alternativas, o uso de camisinha ainda é o principal método para se proteger, combinado com o uso de lubrificantes que evitam acidentes como o seu rompimento. Por isso, fique sempre atento e use camisinha, sempre!

Tenho HIV, e agora?

É sempre importante mencionar que HIV é diferente de Aids. Como ressalta o Residente em Infectologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Marcos Borges: “HIV é o vírus que pode estar no corpo e que causa Aids. Aids é o estado que temos a queda da defesa do organismo”. Ter HIV não significa que você tem Aids, e para evitar a Aids, deve-se iniciar a terapia antirretroviral (TARV), caso haja exposição ao vírus.

É importante dizer também, que as formas de transmissão do HIV são por meio de secreções como sangue, esperma, secreção vaginal e leite materno. Apenas nesses casos, o vírus aparece em quantidade suficiente para causar a moléstia. Isto se dá através de relação sexual (heterossexual ou homossexual), ao se compartilhar seringas, em acidentes com agulhas e objetos cortantes infectados, na transfusão de sangue contaminado, na transmissão vertical da mãe infectada para o feto durante a gestação ou o trabalho de parto e durante a amamentação.

Isso significa que alguém convivendo com HIV, pode ter uma vida normal, beijar, abraçar e se relacionar com outras pessoas.

ESTIGMAS e Preconceitos: dê um fim nisso! 

O estigma acerca da doença, muitas vezes provoca um distanciamento entre as pessoas não infectadas e infectadas devido ao medo de serem contaminadas ou transmitirem a doença através de um beijo, por exemplo.  Muitas vezes, o que mata é o preconceito  e a desinformação sobre a doença.

Caso receba a notícia de que você ou um conhecido está infectado, não se desespere! Tome seu tempo, inicie o tratamento, siga as orientações médicas e viva a sua vida. Você não é definido por uma doença, lembre-se disso!

Conviver com HIV é possível, se prevenir é importante! Conhecer é uma das formas de prevenção também. Por isso, a testagem regular para IST’s é de extrema importância no diagnóstico e no tratamento, além de todas as formas de prevenção já mencionadas acima.

O HIV não vê cor, raça ou orientação sexual, portanto ninguém está imune.Vá a um centro de testagem, faça exames regularmente, use camisinha e, se necessário, use PrEP ou PEP.

Cuide-se!

Artur Carvalho | Sucesso do Cliente


Fontes:

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