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14 Lições sobre inovação para performance da sua Gestão

Na sua empresa, você já sonhou em ter um time dos sonhos? Quem você escolheria para formar esse time?

Felipe Ost Scherer escolheu Steve Jobs – fundador da Apple; Jeff Bezos – fundador da Amazon; Sergey Brin & Larry Page – fundadores do Google; e Mark Zuckerberg – fundador do Facebook. A escolha se deu porque todos compartilham competências extraordinárias na arte de inovar.

Para mim, a seleção também seria muito parecida, apenas talvez inserindo alguns outros nomes que também são referência para minha vida – e isso será assunto para um próximo texto.

Scherer é consultor, palestrante, professor e autor de livros relacionados ao tema de gestão da inovação, tais como Gestão da Inovação na Prática e Práticas dos Inovadores. Onde ele explica sua escolha dos nomes acima é no livro “O time dos sonhos da inovação: lições dos maiores inovadores da atualidade”.

Para a seleção, Scherer estudou durante muitos anos o comportamento de cada um deles, assistindo a entrevistas, lendo documentários, notícias, artigos, biografias e tudo mais relacionado ao modo como trabalham e tomam as decisões. Dessa forma, listou algumas lições aprendidas desse time dos sonhos através de suas histórias inspiradoras e de suas incríveis habilidades como empreendedores, estrategistas, líderes e gestores.

Como eu sempre tive curiosidade em saber o que se passava em detalhes na mente de Jobs, Bezos, Brin, Page e Zuckerberg, e entender como eles conseguiram construir empresas referências em inovação e de sucesso mundial, fui conhecer o trabalho de Scherer. A partir da leitura, como sempre acontece, fiz muitas reflexões, e gostaria agora de compartilhar com vocês um pouco delas, juntamente com algumas das conclusões que Scherer chega e também acrescentar um pouco da minha experiência e visão quando se fala de inovação.

Não vou me ater à história desses inovadores. O importante aqui é conhecer as lições que podemos aprender sobre empreendedorismo, estratégia, liderança, inovação e gestão como um todo a partir de cada um desses grandes nomes e empresas que fundaram. Lições estas que também podem nos servir de inspirações para qualquer coisa que façamos em nossas vidas. Vamos lá!

Lição n° 1: o sonho na frente do dinheiro

Não tenha um negócio visando somente o dinheiro. Tenha um negócio porque isso é o seu sonho. Pergunte-se: “estou no local certo?”, “gosto do que faço?” ou “considero meu trabalho gratificante?” A sinceridade nas respostas pode transformar a sua vida.

Lição n° 2: criar um modelo de negócio único

Facebook e Google são empresas de serviços focadas em oferecer serviços gratuitos de captura de dados para o maior número de pessoas possível. O usuário não paga pelo serviço, mas essas empresas faturam com as informações pessoais e profissionais de seus usuários, vendendo esses dados para empresas e empreendedores que anunciam em seus sites para obter leads/novos clientes.

A Amazon é uma empresa de plataforma de varejo focada em fazer com que você compre mais coisas com o tempo. A escala em termos de volume de compras é necessária para que o ciclo de fluxo de caixa / reinvestimento continue. Quanto mais produtos, mais experiência para o consumidor, maior será o tráfego, mais vendedores, mais crescimento, menos custo, mais preços baixos e assim por diante. Esta é a estratégia de negócios escrita por Bezos em um guardanapo – daí o nome Napkin Diagram.

O modelo de negócios da Apple pode ser descrito como do tipo Isca e Anzol invertido, e também do tipo Freemium Invertido ou Hardware enquanto plataforma. Um dos elementos essenciais é a capacidade de “ser dona de seus consumidores”. A empresa cria estratégias para levar os consumidores ao seu ecossistema e depois mantê-los lá. Além disso, a Apple se concentra em fornecer a melhor experiência para seus usuários projetando sistemas operacionais, hardware, software de aplicativos e serviços próprios. Em seguida, integra-os perfeitamente para criar produtos fáceis de usar.

A Apple não depende de seus parceiros para quaisquer avanços técnicos. Ela inova no seu próprio ritmo.

O modelo adotado pela Google e pela Apple podem ser chamados também de modelo ecossistema, que consiste em vender uma série de produtos e serviços que são interligados e interdependentes. Isso acaba criando uma dependência no usuário, que se vê “obrigado” a utilizar esses produtos por conta das interligações que possuem um com o outro.

Lição n° 3: não ter medo de correr riscos

A frase dita por Mark Zuckerberg ilustra bem esta lição: “o maior risco é não se arriscar. Em um mundo que muda muito rápido, a única estratégia em que a falha é garantida é não arriscar”. E ele sempre colocou isso em prática, pois desde cedo precisou tomar decisões fora da sua zona de conforto, como expandir a sua rede social para pessoas fora das universidades, trocar a direção da empresa, abrir a plataforma para o desenvolvimento de novos softwares, apostar na compra de outras empresas (Instagram e Whatsapp) e mudar a estrutura do negócio, mesmo lidando com críticas e até pressões judiciais.

Se ele tivesse medo de errar e não tivesse arriscado, ele não teria o sucesso que tem hoje. Portanto, o risco é inerente à inovação. Por isso é muito importante dar o primeiro passo, mesmo diante do medo e das adversidades. Às vezes é importante colocar no mercado e testar, o famoso “erre rápido”, fazendo com que incertezas possam se tornar grandes sucessos. Afinal, seguir sempre o caminho tradicional pode fazer você perder oportunidades de sair do lugar-comum e explorar ideias realmente promissoras.

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Lição n° 4: a cabeça nas nuvens e os pés no chão

Sonhe alto, mas sempre esteja com os pés no chão, atentos para a realidade à sua volta. E para os consumidores.

E acrescento aqui: antecipe-se ao futuro. Saiba olhar anos à frente. Veja por exemplo a Apple, que olhava sempre 10 anos para frente, ou a Amazon, em que Bezos criou seu e-commerce antes que as pessoas pudessem sonhar que comprariam tanto pela internet.

Lição n° 5: a inovação não precisa ser somente nos produtos

É importante pensar de modo sistêmico e vislumbrar .

Lição n° 6: Conectar os pontos

Ter a habilidade de combinar experiências, visões de campos diferenciados são aspectos que colaboraram muito para estimular a criatividade e, consequentemente, a capacidade de inovar.

Acho importante falar também sobre aprender com os outros. Se hoje nós nos inspiramos em Jobs, saiba que ele também tinha em quem se inspirar: Henri Ford, Thomas Edson e Edwin Land. Com Ford, ele aprendeu sobre como entregar inovações para as massas; com Edson sobre o papel da inovação para o desenvolvimento de uma companhia e com Land sobre como a inovação pode ser a causa da morte da empresa.

Lição n° 7: formar equipes de alto nível

Você não pode fazer tudo sozinho. Portanto, tenha muito cuidado e critério no processo de recrutamento, para contratar perfis profissionais de alto nível técnico, mas, principalmente, coerentes com os valores e a cultura organizacional.

Bezos acredita que saber escolher as pessoas certas para formar a sua equipe é de extrema importância. Para ele, primeiro se deve identificar qual o perfil e desejo futuro da companhia para que, então, se possa compreender quem são as pessoas mais preparadas para seguir nessa empreitada.

O fundador da Amazon também tem um modo peculiar para estabelecer o tamanho ideal de uma equipe: ela deve ser capaz de ser alimentado por duas pizzas. Então, com times pequenos, de 5 a 7 pessoas, a empresa consegue mais sinergia entre os envolvidos no projeto e mais foco de cada uma das equipes.

Lição n° 8: facilitar a colaboração e o trabalho em equipe

Dar a equipe o direcionamento correto, envolver-se, apoiar e participar dos projetos de forma que todos entendam a visão do líder e saibam onde se quer chegar. E claro, saber motivar todos a inovarem e criar as condições para isso, como Google, Apple e Facebook fazem.

Por exemplo, para Zuckerberg, a melhor maneira de reter colaboradores e torná-los mais produtivos é criar um ambiente confortável e flexível para que eles trabalhem, aprendam coisas novas, tenham liberdade para expor e colocar suas ideias em prática, e sintam que estão crescendo também como pessoas.

Lição n° 9: fomentar uma cultura incomparável

A cultura é a essência de uma organização, o seu “jeito” de fazer as coisas, que não pode ser copiado pelo concorrente. Por isso, a importância de ter em seu DNA a busca constante por satisfazer os seus clientes e por inovar.

O cliente é seu bem mais valioso. Se você quer ser inovador, trate-o diferente. Pense que ele é a pessoa que te ajuda a realizar os seus sonhos, e para isso você deve valorizá-lo, deve colocá-lo em primeiro lugar. Faça-o ter uma boa experiência e receber um produto de qualidade.

Lição n° 10: colocar as pessoas certas para fazer as coisas certas

Novamente a importância de se fazer uma boa seleção desde o início. Colocar cada pessoa no lugar que ela possa desenvolver ao máximo seu potencial. A organização não deve buscar uma pessoa que apenas “possa” fazer bem uma atividade, mas, sim, aquela que possa fazê-la melhor, de forma excepcional.

Lição n° 11: mantenha o motor da inovação permanentemente ligado

A inovação deve ser uma busca constante para o negócio. Isso quer dizer que a inovação deve estar presente em sua organização em qualquer momento, seja ele bom ou ruim.

Isso não significa somente ser criativo, mas ter gosto por fazer diferente e encarar o lado bom e o lado ruim desse processo. Este senso de experimentação inclui foco no cliente, alta competitividade, visão de futuro e paixão pelo que se faz.

E siga o lema do Google, em ter a inovação como mantra. Para eles, uma empresa só consegue ser realmente inovadora quando deseja melhorar 10 vezes em determinado indicador, e não 10%. Isso mesmo, para inovar de verdade, é preciso melhorar 900%, ou 10 vezes mais, o que só vai acontecer se constantemente o seu foco for inovação.

Lição n° 12: senso de urgência e execução

Manter a prática de trabalho de movimentação rápida, com alta produtividade, e que possa “quebrar” paradigmas, é uma das chaves do sucesso para uma organização inovadora.

Além disso, comece já os projetos que deseja ver pronto, não fique procrastinando, pois somente assim você evita qualquer tipo de arrependimento por não ter tentado. 

Lição n° 13: atenção aos detalhes

Isso envolve tudo, desde seu negócio até o dia a dia. Enxergue o mundo com os olhos dos consumidores. Preste atenção e escute verdadeiramente o seu cliente, porque é muito importante observar a realidade e as necessidades de outras pessoas e não apenas a sua.

Lição n° 14: comunicar a inovação

Enfatizar as novidades dos produtos, usar as fragilidades dos concorrentes para apresentar os diferenciais e fazer com que isso chegue aos ouvidos dos clientes o mais rápido possível.

Uma habilidade importante aqui é saber usar a linguagem para transformar grandes ideias em frases de efeito que motivam as pessoas, assim como faz Larry Page. Quando foi falar de um novo serviço do Google, ele afirmou: “Um bilhão de pessoas devem querer usar isso a cada dia. Somente assim saberemos que se trata de uma grande ideia”. Essa frase deu resultado sobre as equipes, estava alinhada à meta da empresa e também chamou a atenção dos clientes.

Sem dúvida, estas 14 lições demonstram que as histórias de Jobs, Bezos, Brin, Page e Zuckerberg são inspiradoras para novos empreendedores, executivos ou qualquer pessoa que tem o conhecimento que a inovação não acontece não acaso. Ela é resultado de uma abordagem estruturada que demanda visão e comportamentos específicos.

E o mesmo eu demonstro no último livro eu escrevi, “Sobre bicicletas e Sucesso”. Nele, além de contar como o sonho de ter uma bicicleta me levou ao sucesso, eu conto várias histórias que aconteceram comigo ou com pessoas muito próximas a mim que tem a ver com as lições que esse time dos sonhos nos oferece como inspiração.

Não sou um Jobs nem um Bezos, muito menos Zuckerberg, Page ou Brin, mas minhas experiências de vida também me trouxeram muitas lições sobre o que é inovação e como trazê-la para o nosso dia a dia. Aliás, se não fosse pela capacidade de inovar, hoje eu não estaria aqui escrevendo esse artigo para vocês.

Leia você também esse livro e tire suas conclusões. E me conte depois o que achou!  

Deivison Pedroza, CEO do Grupo Verde Ghaia

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