Por que empresas tradicionais e que dominam o mercado há anos podem cair em desgraça tão rapidamente?
Dizem que a reputação é algo que você demora anos para construir e segundos para arruinar. E é verdade! Quando falamos de empresas então, não há dúvidas de que uma ação equivocada pode resultar em consequências irreparáveis.
São emblemáticos os casos como o do petroleiro Exxon Valdez — de propriedade de Exxon Shipping Company –, que em 1989 colidiu contra rochas submersas na costa do Alasca e causou um derramamento de petróleo sem precedentes (cerca de 40 milhões de litros), contaminando mais de dois mil quilômetros de praias e causando a morte de cem mil aves da fauna local. Ou o caso da Samarco, cujo rompimento de uma barragem em Mariana (MG), em 2015, incitou uma onda de lama contendo 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A tragédia matou 19 pessoas e destruiu fauna e flora locais, incluindo quilômetros do Rio Doce.
Mas, nem sempre a ruína de uma empresa está ligada a desastres ambientais. A empresa Odebrecht, por exemplo, deixou de ser conhecida como uma das construtoras mais respeitáveis do mundo para se tornar sinônimo de corrupção.
Isto se deu, quando se descobriu que a empresa pagava propinas milionárias à políticos e à empresas para levar vantagens em contratos e atropelar a concorrência. Alguns especialistas se referem ao caso Odebrecht como “o maior esquema de corrupção global da história”. É possível que a construtora nunca mais se recupere do escândalo que mudou, inclusive, os rumos da economia no Brasil e em outros países da América Latina.
A Petrobras também descobriu uma série de escândalos internos no decorrer da operação Lava Jato, iniciada em 2014, a qual apurou um esquema de lavagem de dinheiro, que movimentou bilhões de reais em propinas.
Como resultado, a Petrobras instituiu uma série de medidas para sanar a crise de imagem, as quais incluíram a demissão de todos os envolvidos no escândalo, cortes de gastos e a instituição de medidas anticorrupção. Atualmente, o próprio site oficial da Petrobras expõe suas ações para combater a corrupção. Dentre elas, a criação de um canal de denúncias independente, a contratação de especialistas reconhecidos pelo combate à corrupção e a análise de integridade de fornecedores e colaboradores terceirizados.
Cresce o número de empresas que adotam leis antissuborno
É fato que muitas empresas têm investido cada vez mais em programas de compliance para evitar esquemas de corrupção, os quais podem envolver desvios de função, pagamentos de propinas e cessão de vantagens indevidas a servidores públicos ou fornecedores.
Algumas normas como a ISO 37001 e a ISO 19600 servem como extremo apoio às organizações que pretendem montar um plano sólido e eficiente contra a corrupção, oferecendo um bom modelo para instituir a integridade, transparência e conformidade.
ISO 37001
A certificação ISO 37001 é de outubro de 2016 e veio para substituir a norma BS10500). Ela permite que uma organização implemente controles para prevenção, detecção e abordagem do suborno, promovendo uma cultura empresarial mais transparente e ética. Ela pode ser implementada em qualquer organização, independentemente de seu setor no mercado, localização ou mesmo tamanho, e pode trazer uma série de benefícios, tais como:
– Minimizar a possibilidade de ocorrer quaisquer subornos na empresa.
– Demonstrar publicamente a existência de um “Programa de Integridade”. Lembra-se da questão da reputação? Quanto mais transparente for a empresa mediante o mercado, mais confiável ela se apresentará.
– Estabelecer a confiança entre as partes interessadas, principalmente clientes e fornecedores. Por sua vez, isto aumentará a vantagem competitiva frente à concorrência, pois obviamente é preferível negociar com uma empresa que trabalha adotando as melhores práticas da indústria.
Além disso, a norma ISO 37001 garante proteção diante do Ministério Público, pois em caso de investigação criminal, a certificação permitirá a demonstração clara e objetiva de que foram tomadas medidas responsáveis para prevenir qualquer tipo de corrupção.
ISO 19600
A certificação ISO 19600 fornece orientação para as empresas na criação, desenvolvimento, implementação, avaliação, manutenção e melhoria contínua do sistema de Gestão de Compliance.
Isto significa que, uma boa Gestão de Compliance, rege um conjunto de disciplinas utilizadas para fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da empresa, bem como evitar, detectar e tratar qualquer possível desvio ou inconformidade.
A proposta da ISO 19600 é contribuir para que as empresas estruturem seus processos organizacionais mantendo a integridade nas decisões de importância corporativa e pessoal. Como a ISO 19600 é um programa de prevenção de riscos e uma adequação cultural voltada aos quesitos de ética, é uma perfeita complementação à ISO 37001, auxiliando a empresa na manutenção de sua confiabilidade.
Crise de imagem pode render prejuízo irrecuperável
A imagem sem dúvida é um dos bens mais valiosos de uma empresa. Uma vez que sua reputação for maculada por possíveis esquemas de corrupção, pode ser que nunca mais haja recuperação perante o mercado, e o desfecho pode ser a bancarrota. E, todos os exemplos, apresentados no início deste texto nos mostraram que não importa o tamanho da empresa, seja em fama ou faturamento: nenhuma companhia está isenta de desabar do sucesso ao fracasso em questão de segundos.
Por isso os programas de controle interno se mostram importantíssimos – e até mesmo indispensáveis — para a sobrevivência dos negócios. Uma governança bem elaborada também torna sua empresa mais atrativa em caso de venda ou abertura de capital.
Embora nenhum programa anticorrupção seja completamente infalível, a partir do momento em que se institui um processo de controle público e se investe em análise dos riscos, a chance de eventos ilegais ocorrerem é sempre menor. Ao implementar a ISO 37001 e a ISO 19600, sua organização estará demonstrando preocupação em respeitar a legislação, bem como seu comprometimento no combate à corrupção.
Hoje, afirmar o compromisso de uma empresa junto à lei é mais do que uma questão de ética. É também uma questão de sobrevivência. E, se você ainda se pergunta, porque adotar Práticas de Compliance na sua empresa, vale a pena, ler o artigo publicado no Terra Brasil.