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Futuro, auto-disrupção e legado: a incrível palestra de Tiago Mattos no Fórum CEO Brasil 2019

Coube ao futurista Tiago Mattos realizar a palestra magna que abriu o Fórum CEO Brasil 2019, evento promovido pelo Experience Club e que reuniu 190 líderes empresariais no Tivoli Ecoresort Praia do Forte, na Bahia, de 5 a 9 de setembro. Em uma hora e meia, ele soube surpreender todos os CEOs ali presentes e mais uma vez deixou seu legado.

Não era esperado menos que isso. Tiago Mattos é empreendedor, educador, autor de vários livros, entre eles “Vai lá e Faz”, e futurista. Faz parte do corpo docente da Singularity University (sendo o único sul-americano entre 110 nomes com tal distinção). É também professor da disciplina de Futurismo no Transdisciplinary Innovation Program, na Universidade Hebraica de Jerusalém. Hoje, lidera a Aeroli.to, um laboratório de futurismo e experimentos em tecnologias exponenciais. Além disso, já fundou diversas iniciativas na nova economia, entre elas a Perestroika, que revolucionou a maneira de ensinar. Sem dúvida é um currículo incrível de alguém que possui uma mente sensacional.

Se Tiago tinha a intenção de causar impacto, garanto que seu objetivo foi cumprido. Para vocês terem uma ideia, assim que terminou sua palestra, tínhamos duas horas até o próximo compromisso, e nesse período, as suas três perguntas que nortearam toda a sua apresentação, não me saíam da cabeça:

1. Como está o meu radar para o futuro?

2. Como está a minha cultura de auto-disrupção?

3. Como está o meu legado?

Em qual tempo você vive? E qual o seu legado nele?

Na Verde Ghaia, eu como CEO, nunca pensei da forma tão futurista quanto Tiago apresentou em sua palestra. Por isso que estas questões mexeram tão fortemente comigo. Quando parei para refletir, eu também percebi, assim como ele, que a maioria das pessoas não vivem o presente, elas vivem o passado ou no presente. Elas se alimentam da ética, da moral, da estética do passado, tornando-se lideranças do passado, no presente. E as consequências disso são óbvias: usando ferramentas do passado ou baseando-se apenas nas experiências do passado, nunca haverá espaço para pensar no futuro. E muito menos construí-lo.

Por isso, temos a tendência de ignorar novas descobertas, uma vez que podem ser vistas como fantasiosas demais para nós, quando na verdade só estão inacessíveis, ainda. Engraçado que ao falar sobre os exemplos, do que já existe no mundo, em termos de tecnologia, novas economias ou novos formatos de trabalho, Tiago parecia estar descrevendo uma realidade paralela, que seria digna de um episódio de Black Mirror. Mas não era. Vou explicar melhor para você entender o que eu quero dizer.

Entre tantas iniciativas apresentadas, algo que me chamou muito a atenção foi o futuro das redes sociais. Foi falado sobre o Facebook Spaces, em que se utiliza óculos virtuais e é possível interagir através de um avatar. Mas existe duas coisas muito mais avançadas: primeiro, o Digital Humans, um avatar criado em tempo real através das expressões de uma pessoa. É algo muito, mas muito perfeito! Em segundo, vem o Facebook Codec Avatar, que mapeia um indivíduo e gera um avatar idêntico a ele, permitindo a comunicação entre as pessoas de uma forma que parece que, nós estamos frente a frente com ela. E tudo isso me faz voltar as 03 perguntas do Tiago pra repensar a minha gestão. E aí concordo mais ainda com a fala do Tiago, “estamos muito perto da Matrix, muito perto de fazer com que a rede social virtual, seja muito semelhante à rede virtual analógica”.

Tiago apresentou muitos outros exemplos. Mas, os que eu citei acima já são suficientes para que possamos perceber que estas tecnologias tem a capacidade de mudar o mundo. E por isso, quando pensarmos em futuro, nós, que somos de uma geração diferente dessa que já existe, devemos ter as nossas perspectivas alinhadas com as das próximas gerações. Caso contrário, estaremos fadados ao fracasso em qualquer tentativa de pensar na próxima década.

O que acontece quando seu radar não está para o Futuro?

Então, a mesma pergunta que Tiago fez, eu faço agora: “Tudo isso é futuro ou tudo isso já existe e não está fazendo parte do nosso presente?”. Pois é, entendi esse primeiro recado, caiu-me feito luva. Precisamos urgentemente tornar nosso radar mais sistemático para aquilo que já existe. Criar equipes dentro de nossas empresas para mapear as novas descobertas, usar uma parte do nosso tempo para pesquisar o que está sendo desenvolvido no mundo, analisar quais inovações estão por aí.

Se não começarmos a fazer diferente, agir com pensamento diferente em relação com o que já existe no mundo, estaremos vivendo o passado, no presente. E além disso, desperdiçaremos a chance de construir o futuro. Aliás, não é porque você acredita que não conheça algo, que ele ainda não exista. Já parou para pensar que ele, simplesmente, possa ainda não estar no seu radar.

A partir desse aprendizado, a segunda pergunta me deixou mais inquieto, visto que ela se refere à cultura da auto-disrupção. E foi aí que questionei sobre o meu radar, quanto a nossa organização ou mesmo quanto a nós, como lideranças que inspiram outros a inovar e serem criativos. Mas, afinal, como ser auto-disruptivo nos tempos atuais? Para explicar essas indagações, Tiago utilizou o livro de Charles Handy, “The second curve”, mostrando que a empresa que quer pensar no futuro precisa usar duas ferramentas: uma curva do presente e uma curva do futuro. Ao fazer isso, pode-se dizer que é impossível passar por qualquer crise. Tudo é superado mais facilmente.

Não vou me ater muito ao livro neste texto, porque seguindo os conselhos do Tiago, eu estou lendo-o agora. Depois disso, vou falar mais com vocês sobre essas curvas e como a genialidade da liderança se torna tão importante para saber utilizar os recursos disponíveis para se manter nelas e assim, ser auto-disruptivo. Além disso, tudo isso só funciona se o líder tiver uma visão orientada para o futuro.

Afinal, por que o Futuro é tão importante?

Utilizando uma citação de Thomas Frey, Communicating with the future, Tiago nos explica: “o jeito que você imagina o futuro muda suas ações no tempo presente. Portanto, não é apenas o presente que constrói o futuro. O futuro também constrói o presente”. Em outras palavras, os dois tempos estão intimamente ligados. E o problema está nas pessoas, visto que elas muitas vezes não percebem isso, impedindo que a empresa evolua, sua vida evolua!

A abordagem sobre o Paradoxo do Tempo, se baseia nos anos de estudo da psicologia do tempo, o recurso mais precioso do homem. Nessa obra, são apresentados dados científicos sólidos e histórias fascinantes que nos ajudam a compreender como o tempo afeta o ritmo de nossas vidas e o mundo ao nosso redor. O tempo passa para todos: para aqueles orientados para acontecimentos passados, focados nos prazeres do presente ou norteados por metas futuras. Cabe a cada um aproveitá-lo ao máximo e saber como gastá-lo com sabedoria.

Pensem mais sobre o seu radar no Futuro e na sua auto-disrupção. Creio que este é um momento para reflexão antes de entrarmos na 3° pergunta, que se refere ao que estamos deixando como legado. Reflita bem, para que na próxima semana, possamos discutir com ideias mais fervorosas e voltadas para o Futuro. Afinal, nosso legado depende do direcionamento do nosso olhar.

Nada de olhar para o retrovisor!

Até a próxima semana!

Deivison Pedroza – Fundador e CEO do Grupo Verde Ghaia

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