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O que mudou no levantamento de Perigos e Riscos na nova ISO 45001?

Desde sua primeira publicação, a OHSAS 18001 se tornou referência para o sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional. Anos depois, um novo padrão ISO foi lançado para substitui-la.

Trata-se da ISO 45001 que foi publicada recentemente. Diante dessa mudança, as empresas que já possuem a certificação terão 3 anos para migrarem para a nova versão.

Por que usar a nova Norma ISO

As empresas que estão mais habituadas com a OHSAS, sabem que a norma até então vigente, não é produzida pela ISO (International Organization for Standardization). Suas diretrizes foram estabelecidas pela BSI (British Standards Institution) que também é uma referência em sistemas de gestão.

Devido a diferença na estrutura das normas, a implementação de um sistema integrado se tornava um pouco mais complexa. Mas, agora as empresas poderão aprimorar a implementação do SGI, garantindo assim a compatibilidade entre elas.

Para aqueles que já aplicam a OHSAS 18001 no seu dia-a-dia, não terão dificuldade em se adequar à maioria dos requisitos da ISO 45001. No entanto, existem algumas mudanças para as quais estas devem se preparar, sendo uma delas o item que diz respeito ao levantamento de perigos e danos, o item 6.1.2.

As diferenças entre perigo e risco

O objetivo geral do processo de “Identificação de perigos e avaliação de riscos e oportunidades” continua sendo avaliar os riscos que surgem ou podem surgir no decorrer das atividades da organização. E assim, garantir que os mesmos sejam mitigados ou até mesmo eliminados, com o intuito de deixa-los em níveis “aceitáveis” para a organização. Isto é, se não houver controles ou se os controles existentes forem inadequados, deve-se implementar controles eficazes. Tudo deve estar de acordo com a hierarquia dos mesmos.

Uma das diferenças é que o levantamento de perigos e riscos na OHSAS era realizado de forma reativa. Isto é, apenas agir quando o perigo acontece. Com a alteração da norma é introduzida a ideia de que esse levantamento e identificação dos perigos deve ser contínuo e proativo, prezando sempre, portanto, pela prevenção e continuidade das ações.

Deste modo, é possível para que todos os perigos, sejam eles físicos, psíquicos, emocionais, presentes ou futuros sejam levantados, monitorados e avaliados.

Identificando os Riscos e Perigos

Para isso, os riscos e perigos devem ser identificados de acordo com o contexto da sua organização. Bem como, os incidentes internos ou externos, incluindo emergências e atividades que causam incômodo no entorno. Podem ser, por exemplo, ruído, odor, dentre outros mais. 

Salienta-se que é importante observar  a preocupação da norma, não só com a segurança do trabalhador, mas também com a saúde do mesmo. Sendo assim, todo perigo psíquico e emocional precisa ser considerado durante esta avaliação.


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Outra novidade é a preocupação com todas as partes interessadas que possuem acesso ao local de trabalho. Assim como visitantes, terceiros e fornecedores, que antes não era considerados no levantamento de perigos e riscos. Além disso, a empresa possui a responsabilidade compartilhada com todos os colaboradores que desempenham atividades para ela.

Dessa forma, o contexto geral para realizar o levantamento, tem como ideia central que o ambiente deve se adaptar ao colaborador e não o colaborador ao ambiente. E quando mencionamos ambiente, podemos entender como as estruturas, maquinários, equipamentos, posto de trabalhos, dentre outros.

Identificação de riscos e oportunidades na ISO 45001

Assim como a ISO 14001 e ISO 9001:2015, a ISO 45001:2015 traz o conceito de identificação e gestão dos riscos e oportunidades oriundos dos seus perigos e danos.

Vale ressaltar que o termo “risco” que é tratado no item 6.1.2.2 b é diferente do risco que envolve um evento perigoso, visto que ele remete ao risco para o negócio e não para o trabalhador. São riscos que podem afetar o funcionamento e saúde da organização.

Os riscos e oportunidades devem ser levantados e avaliados, considerando o contexto da organização. E, considerar também, o planejamento de ações para prevenir e mitigar os riscos. Aproveitando assim, as oportunidades e fazendo o mesmo, sempre que houver mudanças que afetem o sistema de gestão.

Portanto, os riscos e oportunidades não são identificados apenas para os riscos de SST, mas também para outros riscos relacionados à operação e manutenção do sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional como um todo.

Avaliando Riscos e Oportunidades

Para avaliarmos tal risco ou oportunidade, devemos estabelecer critérios para quantificá-los. E para tal, podemos utilizar as metodologias da ISO 31010 para quantificação dos mesmos. Uma vez que os riscos e oportunidades forem quantificados, a organização precisa desenvolver planos para abordá-los, pois eles nortearão a organização, a fim de identificarem quais serão as ações e atuações a curto, médio e longo prazo.

De acordo com o novo padrão, a gestão de riscos e oportunidades é necessária. E eles devem ser abordados, pois refletem na capacidade da organização de atingir os resultados pretendidos. Mas também, em outras partes do sistema, como obrigações de conformidade legal e riscos à saúde e segurança ocupacional.

Ana Paula Rocha
Assessora de Sustentabilidade
Engenheira Ambiental

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