Para ter essa percepção e descobrir se você fala de estratégia em relação ao futuro ou se discute apenas tempo com sua equipe de trabalho, é só fazer um teste simples, proposto por Philip Zimbardo, considerado por muitos como o melhor psicólogo do mundo. Zimbardo é autor do livro “The Time Paradox” e nele afirma que cada pessoa tem um algoritmo de tempo, enxergando-o de uma forma diferente. Ou seja, cada um tem a sua orientação temporal quando consideramos passado, presente ou futuro.
Sem olhar para o futuro é impossível fazer inovação, disrupção, e a organização sempre ficará presa no presente. Por isso, não veja o que é, veja o que pode ser. Ultrapasse essa barreira temporal que possa existir identificando como cada pessoa se comporta diante de cada período de tempo. Isso é essencial para que todos na empresa possam falar a mesma língua e terem a mesma visão de futuro, elaborando estratégias para alcançá-lo – e não desculpas para ficar estacionado no presente utilizando ferramentas do passado.
E esse foi o segundo aprendizado que tive com Tiago aquela noite: em que tempo eu vivo? Em que tempo as pessoas ao meu redor vivem? E gostaria que você também pensasse: em que tempo você vive? Em que tempo a sua empresa, a sua equipe vive? Se quer achar a resposta, leia também esse livro de Zimbardo, indicado por Tiago. Ele também já está na lista das minhas leituras obrigatórias.
Por fim, Tiago Mattos, futurista, dono de uma mente brilhante, fechou a sua apresentação com uma provocação sensacional: como está o nosso legado? Raríssimas vezes paramos para pensar nisso. E talvez nunca chegamos a pensar da forma correta.
Qual o seu legado?
O legado é o que fica para as atuais e futuras gerações, é o que muda o mundo e é completamente diferente de propósito. Legado é aquilo que está no coração do nosso modelo de negócio. Legado é aquilo que os outros definem que seja, não você. Legado é algo muito maior que o próprio empreendedor e é o que dá sentido à nossa existência.
Então, o meu terceiro aprendizado foi: o meu legado tem que ser reconhecido pelos outros como tal, e eu devo fazer a diferença na vida das pessoas, hoje e no futuro, com algo que eu me orgulhe. Estou fazendo isso? O que me orgulha hoje que eu já fiz no passado? O que me dá motivos para querer sempre mais? Para ajudar nessa reflexão, cito a frase de Anne Lise Kjaer, também futurista, apresentada por Tiago na palestra: “Eu quero ver os líderes no futuro dizer: eu não quero ser o melhor no mundo, eu quero ser o melhor para o mundo”. Você está sendo melhor para o mundo?
E para deixar você mais tranquilo, saiba que quando se deixa de pensar no futuro presente para começar a pensar no futuro real, quando o foco passa a ser a disrupção da organização e a auto-disrupção de nós mesmos como lideranças e quando paramos para pensar em nosso legado, na forma como os outros veem nosso trabalho e o impacto dele na vida das pessoas, as inquietações são naturais e surgem porque fazem parte do processo de mudança. Então não se assuste. Você está no caminho certo.
Eu tive a certeza que estava no dia 05 de setembro. Uma palestra. Três perguntas. Três aprendizados para uma vida obtidos em apenas uma noite. Impossível terminar esse dia mais satisfeito.