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Quão sustentável será o seu negócio até 2050?

95% das terras estarão degradadas e 5 bilhões de pessoas serão afetadas pela falta de água até 2050. Quão sustentável será o seu negócio?

Que tipo de negócio se sustenta sem a utilização de recursos naturais? Desde atividades administrativas até as mineradoras, todos utilizamos estes recursos no nosso cotidiano em nossas casas e no trabalho. Quando alguém fala a palavra “sustentável”, logo se pensa que tem a ver somente com a natureza e que isso não irá nos atingir, que podemos deixar para depois. Porém, os acontecimentos atuais têm demonstrado que, além dos impactos nas vidas das pessoas, os impactos na natureza afetam diretamente nas atividades econômicas, podendo alterar drasticamente o rumo de um negócio.

E de onde surgem tantos problemas ambientais?

Certamente, muitos deles têm a ver com a falta de cuidado com o , principalmente no que diz respeito à postura das organizações em lidar com seus produtos químicos perigosos, seus descartes, seus resíduos, seus rejeitos. Até um escritório comum tem a sua responsabilidade nessa cadeia, uma vez que há interferência em todo o ecossistema.

Os danos podem deixar sequelas irreparáveis à saúde humana e ao meio ambiente. Os dois exemplos citados abaixo demonstram que, quando uma gestão é realizada precariamente ou existem falhas não identificadas pelos gestores, as consequências podem ser fatais.

1.O acidente radiológico em Goiânia com o césio 137, no ano 1987, por exemplo, foi um caso clássico de destinação inadequada de resíduo tóxico. Catadores de um ferro-velho encontraram uma cápsula contendo césio e a desmontaram, pensando se tratar de sucata comum. Devido ao alto teor de contaminação deste resíduo, duas pessoas faleceram e milhares foram contaminadas.

2. O rompimento da barragem de um dos polos da empresa Vale, na Mina do Feijão, em Brumadinho-MG, se deve principalmente a uma gestão totalmente inadequada no depósito de rejeitos de minério de ferro. Segundo relatos da ONU, “50 milhões de toneladas de rejeitos de minério de ferro lançados com as rupturas das barragens, continham altos níveis de metais pesados tóxicos e outros produtos químicos tóxicos”. Após um mês da tragédia, o número de vítimas fatais chega a 179 e os trabalhos de buscas ainda tentam localizar 134 pessoas.

Apesar de não haver números consumados, sabemos também que muitos animais, rios e outros corpos hídricos estão sendo contaminados pela lama tóxica. A prefeitura de Brumadinho multou a Vale em R$ 100 milhões, e o Ibama em outros R$ 250 milhões depois da tragédia. Quanto às vítimas, o ministério público propôs indenização de 2,6 milhões por pessoa, o que ainda está em negociação com a Vale. Quanto aos moradores, um contrato foi assinado exigindo que a mineradora deverá pagar ao longo de 12 meses um salário mínimo (R$ 998) mensal para cada morador de Brumadinho, meio salário mínimo para cada adolescente (R$ 499) e um quarto de salário (R$ 249,50) para cada criança.

Um estudo para Pesquisas e Políticas Públicas do Reino Unido (IPPR) constatou que o planeta está entrando num colapso ambiental devido ao excesso de interferência humana. A consequência disso pode ser uma desestabilização da sociedade e da economia global. De acordo com os autores da pesquisa, houve um aumento considerável:

E estima-se que 95% das terras estarão degradadas e 5 bilhões de pessoas serão afetadas pela falta de água até 2050 caso continuemos nesse ritmo de descuido com as questões ambientais. Dentre os potenciais acidentes que merecem nossa especial atenção, estão aqueles relacionados aos produtos químicos perigosos, que podem ocorrer ao longo de todo o processo de uma cadeia produtiva, ou seja, que vai desde a extração, passando por produção, armazenamento, transferência, transporte, utilização, chegando até a destinação final.

A VIGIAPP (Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Acidentes com Produtos Químicos Perigosos) é uma das instituições que visa desenvolver ações para identificar, caracterizar e mapear riscos, ameaças, vulnerabilidades e recursos para uma atuação eficiente em casos de acidentes, bem como, realizar a vigilância epidemiológica dos efeitos à saúde humana decorrentes da exposição à produtos químicos perigosos.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), produtos químicos são conceituados como “produtos líquidos comercializados que possuem determinada função” ou “uma preparação química qualquer”. Porém, a classificação de produtos químicos pode ser muito mais complexa.

Para entender mais sobre Produtos Químicos Perigosos e melhorar sua gestão, convidamos você para ler algumas matérias sobre o tema “Produtos Químicos Perigosos“.

Por uma Gestão mais responsável e, consequentemente, um negócio mais sustentável

No Brasil, a evolução na produção e no consumo de produtos químicos tem tido como efeito colateral um aumento na ocorrência de acidentes, o que implica em incremento no risco de exposição humana e de contaminação ambiental, não só pelo perigo intrínseco da atividade, mas também como resultado de ordenamento territorial inadequado.

A periculosidade intrínseca de determinados produtos, associada à probabilidade destes serem liberados na natureza acidentalmente — seja por falha na operação, por deficiência nos requisitos de segurança, por carência de treinamentos ou negligência nas auditorias — só agrava a situação. Acidentes com produtos considerados perigosos podem afetar diretamente os trabalhadores responsáveis pelo manuseio (o que por sua vez resulta em doença ocupacional ou até mesmo acidente de trabalho, podendo ser fatal) e também a população e ambiente nas adjacências. Dependendo das características do acidente, os efeitos podem ser de longo prazo e até mesmo irreversíveis.

Muitas tragédias poderiam ter sido evitadas através do gerenciamento adequado nos processos de manuseio de produtos contaminantes, tanto para o homem quanto para o solo. Ao analisar a causa raiz destas tragédias, geralmente se trata de não cumprimento e monitoramento inadequado de leis já existentes em conjunto com a falta ou negligência de fiscalização, tanto pela empresa, quanto pelos órgãos competentes.

Mais do que nunca, o clichê “Prevenir é remediar” tem se mostrado como algo que deve ser extremamente levado a sério e não apenas como frase de efeito. Estudos revelam que acidentes catastróficos exigem gastos, pelo menos, sete vezes maior do que os investimentos em prevenção. Sem mencionar os danos ao meio ambiente e às pessoas atingidas, bem como seus amigos e familiares, que sofrem uma perda irreparável.

Ao tratar de prevenção com relação à saúde e segurança e ao meio ambiente, temos dezenas de milhares de legislações aplicáveis aos diversos ramos de atividades. Relacionados especificamente à produtos químicos, temos mais de 150. Dentre as mais utilizadas por todas as empresas, podemos ressaltar a NBR 14725.

Esta Norma Brasileira estabelece exigências quanto à rotulagem de produtos químicos e na ficha de segurança do produto químico, também conhecida como FISPQ. É obrigatório que todas as empresas fabricantes de produtos químicos elaborem a FISPQ que deverá ser utilizada pelos consumidores, para prevenir e minimizar os danos em casos de acidentes. O consumidor, ao utilizar este produto em outra embalagem, deve identifica-la pelo mesmo motivo. São atitudes que parecem muito simples mas que, no caso do acidente radiológico em Goiânia, poderia ter evitado os danos à milhares de pessoas. A correta identificação da cápsula contendo césio como produto químico perigoso, que causa grave danos à saúde, provavelmente teria intrigado os catadores do ferro velho a descobrir melhor do que se trata, antes de desmontar a cápsula.

É importante que exista uma normatização para elaborar diretrizes que contemplem a gestão dos fatores de riscos associados a ameaças por produtos químicos perigosos.

As esferas estadual e federal do SUS (Sistema Único de Saúde) também definiram duas ações direcionadas ao fortalecimento da prevenção, preparação e resposta no que diz respeito aos riscos associados a acidentes com produtos químicos perigosos (e que podem resultar em desastre).

A primeira delas é a instituição do Comitê Estadual de Saúde em Desastres ou a inclusão do tema Saúde em Desastres, caso a empresa já possua um comitê específico para lidar com o assunto. A segunda é a elaboração obrigatória de um Plano de Contingência para Desastres. Vale a pena conhecer os critérios e medidas de cada uma.

Medidas para prevenção

Além disso, sugere-se que a empresa realize algumas medidas para prevenir e lidar com acidentes referentes a produtos químicos perigosos:

– Elaborar um sistema de preparação e alerta para a população para o caso de acidentes com produtos químicos perigosos. Lembrando que sistemas de alerta — como sirenes, por exemplo — devem ser inspecionados regularmente.

– Proporcionar a realização de cursos e treinamentos voltados à vigilância dos fatores de risco e à prevenção de acidentes. É importante também capacitar os recursos humanos quanto ao manuseio correto dos produtos químicos e quanto à conduta em casos de emergência.

– Constituir um Comitê de Saúde em Desastres e definir a responsabilidades de cada envolvido em todas as fases da gestão do risco.

– Definir indicadores para avaliar as ações de intervenção nos fatores de risco e de enfrentamento.

– Propor e acompanhar a elaboração do Plano de Preparação e Resposta do SUS frente aos acidentes com produtos químicos perigosos.

– Adotar um sistema eficiente de Gestão de Risco.

– Certificação nas normas ISO referentes a segurança do trabalho, Meio ambiente e saúde ocupacional,  uma vez que ambas as normas exigem o atendimento aos requisitos legais e o cumprimento destes é verificado periodicamente através de auditorias internas e externas.

Podem existir incertezas quanto ao futuro, quanto ao mercado econômico, quanto à estabilidade financeira do seu negócio. Porém, nada disso se compara com a importância de cercar o seu negócio das certezas negativas, de evitar que tudo que você e sua equipe conquistaram seja destruído por um acidente que poderia ser prevenido.


Leia também sobre Produtos Químicos

https://www.verdeghaia.com.br/blog/seguranca-produtos-perigosos/
https://www.verdeghaia.com.br/blog/responsabilidade-ambiental-no-transporte/

 O resultado deste estudo saiu no dia 13/02/201. Acessado em 13.02.2019. http://g1.globo.com/globo-news/videos/v/numero-de-inundacoes-aumentou-em-15-vezes-no-mundo-diz-pesquisa-britanica/7375958/

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