Empresas Alimentícias devem se preocupar com aqualidade para controle de corpos estranhos.
O título deste texto parece óbvio, não é mesmo? É claro que toda empresa que produz alimentos deve se preocupar com o controle de qualidade para evitar a invasão de corpos estranhos em sua produção. Mas, a segurança alimentar (ou o original em inglês “Food Safety”, também adotado por algumas empresas) é muito mais do que isso.
Segundo a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN (Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006), a segurança alimentar envolve garantir a todos condições de acesso a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, com base em práticas alimentares saudáveis, contribuindo, assim, para uma existência digna, num contexto de desenvolvimento integral da pessoa humana.
Os aspectos que compõem a segurança alimentar
Um alimento pode ser afetado por perigos físicos, químicos e biológicos.
Os perigos físicos podem ser corpos estranhos, tais como pedaços de metal, de vidro, areia, parafusos e outros. Muitas contaminações desse tipo ocorrem principalmente devido aos próprios equipamentos industriais, que devido à manutenção inadequada podem soltar borrachas, pedaços de plásticos, parafusos. Às vezes, a contaminação acontece também nas matérias-primas, que trazem consigo sujeira aderida no momento da colheita ou do transporte, como terra e pedrinhas. Um bom jeito de evitar esse tipo de contaminação é fazendo uso de peneiras em várias fases da produção.
Os perigos químicos podem ser agrotóxicos, hormônios sintéticos, antibióticos, detergentes, metais pesados, óleos lubrificantes e muitos mais. É uma contaminação que pode ocorrer no próprio local de cultivo dos alimentos devido a aplicações de agentes para controles de pragas na agricultura. A contaminação também pode ser ocasionada por metais pesados no solo ou mesmo por poluentes levados pelo ar.
Já os perigos biológicos são aqueles como vírus, fungos e bactérias. Um alimento mofado, por exemplo, se consumido pelo homem, pode causar uma série de doenças. O acondicionamento e o tipo de embalagem utilizada para armazenar os alimentos são muito importantes para evitar contaminações químicas, bem como o controle dos processos para evitar mistura acidentais de aditivos químicos nos alimentos produzidos.
Curiosamente, existe certa tolerância quanto à presença de corpos estranhos nos alimentos. segundo o Jornal, Gazeta do Povo, no ketchup, por exemplo, é permitido conter em 100g de amostra dez fragmentos de insetos, cinco ácaros e um fragmento de pelo de roedor. Já no orégano, 10g de amostra podem conter 20 fragmentos de insetos, cinco ácaros, 20 insetos inteiros mortos (se próprios da cultura da erva) e um fragmento de pelagem de roedor.
Parece nojento, não é? Mas segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as quantias previstas não são capazes de causar nenhuma doença ou dano ao consumidor, por isso são toleradas pela lei.
Intoxicação: um caso sério
Mas não é por existir um grau de tolerância com certos fragmentos em nossos alimentos que as indústrias podem descuidar. Os casos de contaminação alimentar precisam ser levados muito a sério.
A OMS estima que, anualmente, uma em cada dez pessoas sofram com enfermidades transmitidas por alimentos, sendo que boa parte delas pode levar a óbito.
Em 2013, uma unidade brasileira de um fabricante de suco à base de soja descobriu que parte de seu lote sofreu contaminação química durante o processo de produção. Devido a uma falha humana, parte da bebida foi envasada juntamente a uma solução usada para higienizar as máquinas. Ao todo, 96 embalagens do suco foram contaminadas.
Sabe-se que 14 pessoas chegaram a consumir bebida contaminada. A empresa teve de organizar uma força-tarefa para rastrear todas as unidades e retirá-las do mercado antes que causassem mais danos. Embora tenha havido pronto atendimento a todas as vítimas e não tenha ocorrido nenhuma consequência mais drástica, a marca teve sua produção suspensa por um período, foi multada e ficou com sua imagem pública arranhada por um bom tempo.
Leia sobre as boas práticas para a fabricação de alimentos.
O controle de qualidade como solução
A ISO 9001 e a ISO 22000 são diretrizes fundamentais para o produtor que deseja buscar a qualidade máxima na produção, transporte ou armazenamento de seu alimento, mantendo os corpos estranhos o mais longe possível e evitando problemas com as autoridades e com o consumidor.
A ISO 9001 é uma norma de padronização que pode atender a qualquer serviço ou produto, podendo ser implementada por organizações de qualquer tamanho, independentemente de seu ramo de atividade. É uma norma de gestão que pode ser aplicada de forma geral numa fábrica de alimentos, abrangendo todos os setores. Seu objetivo é conquistar a confiança do cliente e deixá-lo ciente de que os produtos e serviços oferecido por determinada empresa seguem certo padrão de qualidade.
Já a ISO 22000 é bem mais específica no que diz respeito ao setor de alimentos. Seu foco é exatamente a segurança alimentar e a aplicação de requisitos para um sistema de gestão da segurança de alimentos. Seu objetivo é harmonizar em nível global os requisitos para a gestão da segurança de alimentos para organizações dentro da cadeia alimentar. Além disso, o sistema de gestão baseado na ISO 22000 apoia os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, reduzindo as doenças transmitidas por alimentos e apoiando uma saúde pública de qualidade.
Preço x Valor percebido
O objetivo de um alimento é simplesmente matar a fome. Mas você toparia consumir uma comida de procedência duvidosa e com zero garantia de qualidade, ainda que fosse muito mais barata? É obvio que muita gente também não toparia, afinal a saúde (e o sabor também, por que não?) está em jogo.
Hoje, muitas empresas do ramo alimentício seguem a mesma lógica: em vez de buscar apenas fornecedores e colaboradores que trabalham sob o custo mais baixo, elas buscam o valor percebido.
O valor percebido é a composição de vários fatores de uma organização, como sua reputação, sua imagem no mercado, a forma como se relaciona com clientes e fornecedores, sua integridade, a confiança embutida em seu nome e a qualidade real do produto/serviço oferecido.
A gestão de alimentos hoje é um diferencial num programa de Gestão de Qualidade e felizmente muitas empresas estão cientes disso. É uma garantia de segurança para nós consumidores.
Conclusão
A preocupação com a segurança alimentar surgiu logo após a I Guerra Mundial, exatamente porque os governos começaram a perceber que a escassez ou contaminação alimentar poderia levar um país à ruína. E não poderiam estar mais certos. Os alimentos, por serem tão essenciais a nós, merecem atenção especial.
Por isso a implementação de um sistema de gestão de alimentos alinhado às normas internacionais é tão importante para o seu negócio. Sua empresa se torna muito mais competitiva e, mais importante: zela diretamente pela saúde de seus clientes e colaboradores.
Programa Compliance Gestão de Segurança de Alimentos Verde Ghaia
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