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ESG: Governança com foco em Transparência

Em nossa série sobre ESG, compreendemos o significado desta sigla — Environmental-Social-Governance — e que o investimento ESG é aquele que incorpora questões ambientais, sociais e de governança como critérios na análise do valor de uma empresa — ou seja, agora, para uma organização ser valorizada no mercado de ações, ela precisa provar que realiza investimentos para além das métricas econômicas convencionais.

Os critérios do ESG estão evoluídos de tal forma que sua metodologia de investimento considera os fatores de sustentabilidade fundamentais na identificação de modelos de negócios considerados superiores, pois eles funcionam como um informe extra a respeito da qualidade da gestão, cultura e perfil de risco de uma empresa — o que por sua vez influencia diretamente no modo como gestores de ativos e investidores vão avaliar as carteiras de investimentos.

Qual o valor da Governança de acordo com ESG?

No valor ESG, a governança é tudo aquilo que diz respeito à independência do conselho deliberativo de uma empresa, bem como a políticas de remuneração da alta cúpula, à diversidade na composição do conselho administrativo, à estrutura dos comitês de auditoria e fiscal e também a questões de ética/transparência.

Já corporativamente falando, a governança é a capacidade de enxergar a empresa como um todo, e não sob a ótica da departamentalização, pois só assim a gestão de fato será eficaz. Um exemplo é quando um funcionário precisa adquirir uma peça para um maquinário e resolve fazê-lo pessoalmente, atropelando o setor de compras e muitas vezes causando problemas numa possível auditoria.

Outro caso famoso, cuja governança foi muito importante na recuperação da imagem foi o da Petrobras. No decorrer da operação Lava Jato, iniciada em 2014, foi descoberto um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo diversos diretores da Petrobras, o qual movimentou bilhões de reais em propinas.

Como resultado, a Petrobras instituiu uma série de medidas rígidas para sanar a crise de imagem, as quais incluíram a demissão de todos os envolvidos no escândalo, cortes de gastos e a instituição de medidas anticorrupção.

Atualmente, até mesmo a troca de brindes entre empresas contratadas é visto com reserva dentro dos escritórios da Petrobras. Seu próprio site oficial expõe as ações propostas para combater a corrupção; dentre elas, a criação de um canal de denúncias independente, a contratação de especialistas reconhecidos pelo combate à corrupção e a análise de integridade de fornecedores e colaboradores terceirizados.

Sugestão de leitura: Como implementar um Programa de Governança, Risco e Compliance?

Governança corporativa na sua empresa

As práticas de governança devem fazer parte de uma empresa o tempo todo, desde sua fundação. Mas se você não tem certeza sobre a situação da governança em sua organização neste momento, veja os passos abaixo para consolidá-la.

Estabeleça um conselho administrativo atuante.

O conselho administrativo de uma organização tem como função principal assegurar o direcionamento estratégico dos negócios em alinhamento aos principais interesses da organização como um todo, protegendo seu patrimônio e maximizando o retorno sobre seus investimentos. Se possível, os conselheiros devem ser independentes a fim de manter a isenção.

Contrate auditores independentes. Nada melhor do que uma auditoria independente para assegurar que sua empresa está em conformidade com questões éticas e legais.

Promova uma postura ética em toda a organização

O exemplo deve partir de cima. Se preciso, crie um código de conduta formal, por escrito, o qual deve ser levado a conhecimento de todos e pode ser citado explicitamente no contrato de trabalho de cada colaborador.

Você também pode desenvolver programas de prevenção à corrupção. Este código de conduta deve incluir informações sobre políticas de transações com partes relacionadas, de contribuições e doações, de comunicação, de prevenção e detecção de atos de natureza ilícita.

Sistematize processos, os quais devem ser revisados e (re)aprovados regularmente

Esta medida nada mais é do que a velha e boa gestão de riscos e oportunidades. Caso tenha dúvidas sobre como fazê-lo, siga as diretrizes da ISO 31000.

Em resumo, os gestores devem estar sempre atentos a questões relacionadas à ética e à clareza dos processos. Em caso de dúvida, basta lembrar-se dos quatro pilares básicos da governança corporativa:

Transparência

Os processos, decisões e a organização empresarial devem ser totalmente claros para os stakeholders. Tal prática colabora para uma boa reputação do negócio e constrói relações de confiança, além de demonstrar respeito para com a coletividade.

Equidade

Este tópico também é válido para o S do ESG, ou seja, o “social”. A equidade diz respeito à padronização das oportunidades existentes, de modo que possam ser igualmente aproveitadas por todos. A equidade pode ser implementada na empregabilidade de pessoal, de modo que não exista nenhum tipo de discriminação por gênero, raça, cor etc.

Mas também pode ser implementada no que diz respeito a oportunidades de mercado. Um exemplo disso foi o grupo Saraiva, que durante certo período fechou acordos de exclusividade com várias Editoras, atitude que prejudicou livrarias pequenas e médias. Tal medida pode ter sido lucrativa por um tempo, mas resultou num monopólio que construiu uma imagem “antipática” da empresa no mercado.

Hoje a rede de livrarias Saraiva patina para sobreviver e não vislumbra apoio em nenhum parceiro de negócios para sua recuperação judicial.

Prestação de contas

As movimentações de recursos devem ser apresentadas de modo acessível, claro e legível, inclusive no que diz respeito a falhas e prejuízos. Embora a prestação de contas faça parte dos pilares da transparência, ela acaba tendo seu espaço exclusivo já que a saúde financeira de uma empresa é de grande interesse para os stakeholders, que obviamente desejam obter retorno e querem demonstrações de compliance fiscal e jurídico.

Responsabilidade corporativa

Aqui vemos o ESG em sua completude, pois a responsabilidade corporativa abrange a sustentabilidade em si, ou seja, a adoção de medidas equilibradas entre sociedade e meio ambiente. Cumprindo este tópico, sua empresa não só atinge a expectativa dos consumidores (cada vez mais atentos às empresas ambientalmente responsáveis) como também supre questões da legislação, item muito importante na governança corporativa.

Empresas com práticas ESG costumam apresentar melhor desempenho porque tendem a possuir pilares de governança mais fortes e cuidam bem dos próprios colaboradores, fatores que trazem estabilidade. Hoje, é impossível ser “apenas empresa”.  É preciso ser parte da sociedade.

Daniela Pedroza | Diretora Técnica da VG


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